Notícia
Archivio: Janeiro 2016
NOVAS REGRAS AUMENTAM FISCALIZAÇÃO DE IMPORTAÇÕES NO BRASIL
A PARTIR DESSE ANO, A RECEITA FEDERAL AUMENTARÁ A FISCALIZAÇÃO SOBRE AS IMPORTAÇÕES NO PAÍS. UMA NOVA PROPOSTA DE INSTRUÇÃO NORMATIVA, ABERTA À CONSULTA PÚBLICA, PREVÊ MUDANÇAS NOS PROCEDIMENTOS DE CONTROLE E VERIFICAÇÃO DA ORIGEM DE MERCADORIAS IMPORTADAS COM PREFERÊNCIA TARIFÁRIA, PREVISTA EM ACORDOS INTERNACIONAIS.
Entre as principais alterações previstas na atualização estão:
– A padronização dos erros considerados formais, que possibilitam a retificação do certificado de origem durante o despacho de importação, e os materiais, que desqualificam o documento;
– A aceitação de outras provas de origem, tais como a declaração na fatura (Acordo Mercosul – Israel) e o Certificado de Origem Digital (COD), emitido por países pertencentes à Associação Latino-Americana de Integração (Aladi);
– Estabelecimento de um prazo total de 360 dias para encerramento da investigação da origem, quando não prevista em acordo;
– Esclarecer ao importador a possibilidade de desqualificação do certificado, mesmo que a mercadoria cumpra as normas requeridas pelo acordo.
A regulamentação da Receita tem como função proteger a indústria brasileira da concorrência desleal, impedindo que produtos não adequados às normas estabelecidas entrem no país com benefícios tarifários.
A íntegra da proposta está disponível no site da Receita. As empresas podem enviar contribuições até 29 de janeiro por meio do Formulário de Consulta Pública RFB para o e-mail dinpa.df.coana@receita.fazenda.gov.br.
Com a finalidade de consolidar o posicionamento das empresas fluminenses, as observações feitas podem ser enviadas com cópia para a FIRJAN Internacional: comex@firjan.org.br.
O QUE MUDA PARA OS EXPORTADORES
O aumento da fiscalização das importações no Brasil também deve impactar em uma conduta recíproca por parte das alfândegas internacionais. Dessa forma, o Sistema FIRJAN, entidade credenciada a emitir o Certificado de Origem no país, alerta para a importância de as empresas exportadoras escolherem instituições com reconhecida credibilidade na emissão do documento. Ao obter o Certificado de Origem junto à Federação, que cumpre com rigor a legislação, as empresas dispõem de mais segurança, além de benefícios como o atendimento personalizado e expedição imediata do documento.
O certificado permite às empresas exportadoras se beneficiarem de acordos internacionais que preveem alíquotas preferenciais para os países signatários. Para emiti-lo, a FIRJAN requer uma Declaração do Produtor, documento confidencial, no qual a empresa fabricante fornece a descrição de seu processo produtivo e a contribuição de cada insumo importado no custo de produção.
(Fonte: FIRJAN)
BRASIL SIMPLIFICA USO DE DOCUMENTO ESTRANGEIRO
O Governo brasileiro depositou no dia 02 de dezembro de 2015 junto ao Ministério dos Negócios Estrangeiros dos Países Baixos o instrumento de adesão à Convenção sobre a Eliminação da Exigência de Legalização de Documentos Públicos Estrangeiros (“Convenção da Apostila”).
Caso não haja objeção à adesão de nenhum Estado Contratante referida convenção entrará em vigor em agosto de 2016 e tornará mais simples a utilização de documentos brasileiros no exterior e de documentos estrangeiros no Brasil, tais como certificados, procurações, certidões notariais, documentação escolar, entre outros.
A participação do país nesse tratado significará uma redução, não só de tempo e de custos para cidadãos e empresas, mas também economia de recursos públicos.
A adesão brasileira simplificará o trâmite internacional de documentos públicos entre o Brasil e os demais 108 países que já aplicam o instrumento.
Na prática a “chancela consular” será substituída pela emissão da Apostila de Haia, que será anexada ao documento público pelas autoridades competentes do país no qual foi emitido, tornando-o válido em todos os demais Estados partes da Convenção.
Em recentes reuniões no Itamaraty houve ampla convergência no sentido de que o sistema cartorial brasileiro seja habilitado para emitir apostilas em nome do Estado brasileiro.
A emissão de Apostilas de Haia pelos cartórios será feita com base em resolução a ser editada oportunamente pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que tratará do tema com entidades nacionais e estrangeiras.
ESTRANGEIROS SUPERAM NACIONAIS NA COMPRA DE EMPRESAS DO PAÍS
EM MEIO À RECESSÃO ECONÔMICA E INCERTEZA POLÍTICA, O ANO DE 2015 FOI MARCADO POR UMA QUEDA NAS TRANSAÇÕES DE FUSÃO E AQUISIÇÃO NO BRASIL. POR OUTRO LADO, A DESVALORIZAÇÃO CAMBIAL CONTRIBUIU PARA NÚMERO RECORDE DE COMPRAS DE EMPRESAS BRASILEIRAS POR ESTRANGEIROS, QUE SUPERARAM PELA PRIMEIRA VEZ, DESDE 2003, AS COMPRAS REALIZADAS POR INVESTIDORES NACIONAIS.
Foram realizadas 773 fusões e aquisições no Brasil em 2015 — queda de 5,5% em relação a 2014, segundo pesquisa da consultoria KPMG, obtida pelo Valor Econômico. As operações de estrangeiros comprando de brasileiros empresas localizadas no país chegaram a 296, igualando o recorde de 2012.
Se somadas às 102 transações realizadas entre estrangeiros, envolvendo empresas no Brasil, pela primeira vez na série histórica da KPMG mais estrangeiros atuaram como compradores no país do que brasileiros. As empresas nacionais foram limitadas na possibilidade de crescimento inorgânico pelo avanço do endividamento, com a alta dos juros e queda de receitas.
“O atual cenário econômico e a desvalorização do real podem ter acelerado a entrada e expansão das empresas internacionais no Brasil, devido à redução do valor das empresas locais, apesar da piora das expectativas de crescimento e do aumento do risco país”, acredita o sócio da KPMG, Luis Motta.
A compra de uma carteira de ativos da Renova Energia pela TerraForm Global, veículo de investimento da americana SunEdison, foi a maior operação anunciada no ano, conforme levantamento da PricewaterhouseCoopers (PwC). O negócio de US$ 3,89 bilhões, no entanto, foi posteriormente cancelado pela SunEdison, que enfrentava rejeição dos investidores ao negócio, com queda nas ações.
A segunda maior transação de 2015 também ocorreu no setor elétrico: a compra das hidrelétricas de Jupiá e Ilha Solteira, antes concessões da Cesp devolvidas à União, pela China Three Gorges, por US$ 3,7 bilhões. O varejo de alimentos teve o terceiro destaque do ano: a incorporação do Grupo Pão de Açúcar pela colombiana Éxito, como parte de reorganização do francês Casino na América Latina.
Dentre as aquisições realizadas por investidores brasileiros, a compra de empresas no exterior foi o grande destaque, com 66 operações, contra 44 em 2014. “Parte das empresas brasileiras buscou expandir seus negócios em países em que percebem uma perspectiva econômica melhor e risco menor”, afirma Motta.
Nesse tipo de transação, o setor de alimentos foi relevante, com grandes aquisições realizadas pela JBS. A compra da Moy Park, da Marfrig, e da divisão de suínos da Cargill pelo frigorífico de Joesley Batista foram dois dos grandes movimentos de internacionalização anunciados no ano passado.
Após um 2015 marcado pelo avanço estrangeiro no Brasil, 2016 já começa com o anúncio de diversas operações. Ontem, a francesa Edenred, de serviços pré-pagos, anunciou uma sociedade com a brasileira Embratec para a criação de uma nova empresa de cartões de abastecimento de combustível. Por uma fatia de 65% na nova sociedade, a Edenred vai pagar R$ 790 milhões. A irlandesa Smurfit Kappa e as francesas Saint-Gobain, Bureau Veritas e Elis também já anunciaram aquisições no Brasil nos primeiros dias deste ano.
Apesar do aparente aquecimento do mercado, KPMG e PwC divergem quanto à tendência para o restante de 2016. Otimista, a PwC espera uma aceleração na entrada de estrangeiros e avalia que a crise atual tem prazo para acabar.
“Em 2016 há uma redução da incerteza política e econômica e o dólar deve se manter no patamar de R$ 4, o que é um gatilho”, afirma o sócio da PwC, Rogério Gollo. Além disso, avalia, empresas que querem entrar ou aumentar suas operações no Brasil devem buscar se antecipar a uma eventual mudança pró-mercado do governo em 2018.
Já para Motta, da KPMG, o recente aumento do risco Brasil, com a perda do grau de investimento, deve inibir o interesse estrangeiro neste ano. “A expectativa de rentabilidade das empresas caiu, o que reduz o preço dos ativos, mas com a economia em situação pior, a tendência para o investimento é diminuir”, acredita o especialista.
CNPq lança chamada Universal 2016
O presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq), Hernan Chaimovich, lançou, nesta segunda-feira, 11, a Chamada Universal CNPq/MCTI 1/2016, durante a sanção do Marco Legal de C&T, em Brasília, com a presença da Presidenta da República, Dilma Rousseff.
Chaimovich ressaltou que a chamada vai além do fomento de ciência, tecnologia e inovação, mas que essencialmente representa a democratização e a extensão geográfica da excelência dos cientistas desse país. “Ela amplia, portanto a capacidade brasileira de contribuir cientifica e tecnologicamente para o desenvolvimento intelectual, social e econômico do país”, afirmou.
Já a presidenta Dilma espera que os R$ 200 milhões “sejam muito bem aproveitados e que haja um aumento das atividades de pesquisa, com o engajamento de estudantes de graduação e pós-graduação no desenvolvimento de projetos e maior interação com o setor produtivo”.
Estavam presentes na cerimônia, ainda, os Ministros da Ciência, Tecnologia e Inovação, Celso Pansera, a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader e o presidente da Academia Brasileira de Ciência (ABC), Jacob Palis.
Os recursos disponibilizados para os projetos serão divididos em três níveis, com valores que variam de R$ 30 mil a R$ 120 mil.
O edital da Chamada Universal estará disponível na página do CNPq a partir desta terça-feira, 12 e os pesquisadores têm até 26 de fevereiro para apresentar suas propostas. Cada pesquisador poderá apresentar apenas um projeto, que deve ser executado em um período de 36 meses, a partir da data de contratação.
Serão beneficiados projetos desenvolvidos em instituições de ensino superior ou institutos de pesquisa e desenvolvimento (P&D), públicos ou privados, sem fins lucrativos, além de projetos ligados a empresas públicas nas áreas de ciência, tecnologia e inovação.
Para ter acesso aos recursos da Chamada Universal, a solicitação deve ser feita pelo coordenador do projeto, que obrigatoriamente, deverá possuir título de doutor e ter o currículo cadastrado na Plataforma Lattes, atualizado até a data limite para submissão da documentação. Além disso, deve possuir vínculo celetista ou estatuário com a manutenção de atividades acadêmico-cientifícas na instituição de ensino a pesquisa. Por fim, não ter projeto vigente aprovado em Chamada Universal anterior.
A chamada prevê a concessão de 1.500 bolsas de Iniciação Cientifíca (IC) e outras 1.000 bolsas de apoio técnico (AT), também com duração de até 36 meses.
Marco Legal
A presidenta Dilma Rousseff sancionou, nesta segunda-feira (11), o novo Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação, Projeto de Lei da Câmara (PLC) 77/2015. A proposta, aprovada por unanimidade pelo Senado Federal no dia 9 de dezembro de 2015, aproxima as universidades das empresas, tornando mais dinâmicos a pesquisa, o desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação no País. O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Celso Pansera, e o presidente do CNPq, Hernan Chaimovich, também participaram da cerimônia que aconteceu no Palácio do Planalto, Brasília.
Considerado uma grande vitória da comunidade científica, o Marco Legal da CT&I amplia o tempo máximo que os professores das universidades federais poderão trabalhar em projetos institucionais de ensino, pesquisa e extensão, ou exercer atividades de natureza científica e tecnológica.
Outro ponto é a isenção e redução do imposto para as importações realizadas por empresas na execução de projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação.
O novo Marco Legal também permite a participação da União, estados e municípios no capital social de empresas para o desenvolvimento de produtos e processos inovadores que estejam de acordo com as respectivas políticas de desenvolvimento científico. Os entes federativos poderão apoiar a criação de ambientes promotores de inovação, como incubadoras de empresas, parques e polos tecnológicos, por meio de recursos repassados por suas agências de fomento aos pesquisadores vinculados a instituições científicas e tecnológicas (ICTs).
O Marco estabelece ainda novas competências para os Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs), como a definição de estratégias para a transferência das inovações geradas pelas ICTs. A proposta aprimora a definição de propriedade intelectual resultante da parceria entre universidades e empresas, assim como a transferência de tecnologia. Outra novidade é a simplificação do processo de emissão de visto de trabalho para pesquisadores estrangeiros que vierem ao Brasil para participar de projetos de pesquisa.
Barbosa diz que trabalha para inflação cair abaixo de 7%
O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, afirmou nesta quinta-feira (21) que o governo trabalha para que a inflação fique abaixo de 7% em 2016. A última estimativa dos economistas ultrapassa esse patamar, segundo o último levantamento feito pelo Banco Central.
“Nós estamos trabalhando para que ela [inflação] caia abaixo disso [os 7%]. Pra que ela fique por exemplo em 6,5% que é o teto atual do nosso sistema de metas”, disse em entrevista à Globo News em Davos, na Suíça.
Segundo Barbosa, o próprio mercado espera que a inflação vai cair mais de um ponto percentual nesse primeiro trimestre de 2016 quando comparado com o mesmo período do ano passado. “Nós já vamos começar a ver isso no início do ano, mas isso vai ficar cada vez mais claro e mais forte na segunda metade do ano”, afirmou.
Pelo sistema de metas de inflação vigente na economia brasileira, o BC tem de calibrar os juros para atingir objetivos pré-determinados. Para 2015 e 2016, a meta central de inflação é de 4,5%, mas o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que serve de referência, pode oscilar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.
Já para 2017, a meta central de inflação é de 4,5%, mas com margem de 1,5 ponto percentual. Na prática, isso significa que o piso será de 3% e que o teto será mais baixo: de 6% em 2017 sem que a meta seja formalmente descumprida.
Decisão do Copom
O ministro declarou, ainda, que a decisão do Copom em manter a taxa Selic em 14,25% ao ano, contrariando as expectativas do mercado, não coloca em risco a autonomia do BC. “O BC tem autonomia pra decidir a taxa de juros no nível que eles acharem adequado para o controle da inflação”. Segundo ele, o controle de metos vai trazer a inflação para baixo esse ano.
Mais cedo, em painel no Fórum Econômico Mundial, Barbosa afirmou que a contração da economia vista em 2015 e a esperada para este ano são uma “fase de transição” para o Brasil. “Estamos em uma nova fase que sucedeu o boom das commodities. E o Brasil está se ajustando a esse cenário internacional”, disse.
Safra 2015 é recorde; previsão é de alta de 0,5% este ano
A safra brasileira de grãos chegou a 209,5 milhões de toneladas em 2015 e bateu recorde, superando em 7,7% a produção de 2014 (194,6 milhões de toneladas), segundo dados divulgados nesta terça-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em 2016, a previsão do IBGE é que o país colha 210,7 milhões de toneladas, superando em 0,5% a produção do ano passado.
Resultados de 2015
Os números divulgados nesta terça para a safra de 2015 são menores que as estimativas divulgadas em novembro. Os dados do IBGE previam, naquele mês, uma safra com 746 mil toneladas a mais.
A estimativa da área a ser colhida é de 57,7 milhões de hectares, com alta de 1,8% frente à colhida em 2014 (56,7 milhões de hectares) e redução de 14.711 hectares em relação à prevista em novembro (-0%).
Os três principais produtos (arroz, milho e soja) representaram 93,1% da estimativa da produção e responderam por 86,3% da área a ser colhida. Em relação a 2014, houve acréscimos de 6,1% na área da soja, 0,8% na área do milho e redução de 8,4% na área de arroz. Na produção, houve acréscimos de 1,1% no arroz, 11,9% na soja e de 7,3% no milho.
Safra de 2016
O instituto aponta que as previsões feitas em dezembro sugerem nova safra recorde este ano, com aumento nas áreas colhidas nas regiões Nordeste (4,7%), Sudeste (1,2%) e Sul (0,8%), que apresentaram problemas climáticos em 2015.
A estimativa é que haja aumento nas produções de amendoim (em casca) 1ª safra (33,5%), café (em grão) arábica (15,6%), café (em grão) canephora (3,3%), feijão (em grão) 1ª safra (16,7%) e soja (em grão) (5,9%).
Três produções, no entanto, devem ter queda: o algodão herbáceo (4,5%), o arroz (em casca) (3,4%) e o milho (em grão) 1ªsafra (4,6%).
Analistas preveem demanda maior que oferta no crédito rural
A demanda por crédito em 2016 vai superar a oferta, os recursos oficiais - a taxas de juros mais altas - tendem a cair e o setor privado ampliará participação no financiamento da produção agropecuária do país.
A perspectiva foi traçada por alguns dos principais consultores do setor ouvidos pelo Broadcast Agro, serviço em tempo real da Agência Estado.
O diretor técnico da Informa Economics FNP, José Vicente Ferraz, diz ser inevitável a queda nos recursos de linhas para custeio com juros equalizados pelo governo federal e de investimento subsidiadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
“O governo está cortando recursos em todas as áreas, tende a cortar para o agronegócio também”, apontou. Ele estima que o dinheiro destinado pelo governo para financiamento (insumos e custos fixos, como energia e mão de obra), que historicamente respondeu por 25% do total, deve cair para 20%.
O coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (GVAgro), Roberto Rodrigues, acredita em manutenção dos recursos dentro do Plano Safra 2016/17, mas afirma que dinheiro ficará ainda mais caro.
“Em 2015, mesmo com ajuste fiscal, a ministra (da Agricultura, Kátia Abreu) conseguiu mais recursos que em 2014. Ainda assim, todas as informações de economistas vão na direção de que vai faltar dinheiro e os juros aumentarão porque a inflação está subindo”, declarou.
As operações de barter, por meio das quais produtores pagam insumos adquiridos de tradings com produtos agrícolas, devem aumentar neste cenário, na avaliação de Ferraz e também do gerente do Departamento do Agronegócio da Fiesp (Deagro), Antonio Carlos Costa.
“O câmbio atual favorece as exportações de commodities agrícolas e as tradings têm interesse em ter produto para comercializar”, explicou Ferraz.
Os produtores rurais, que no último ano conseguiram manter a boa rentabilidade de anos anteriores, também deverão elevar a injeção de recursos próprios para arcar não somente com insumos, mas também custos fixos, como energia e mão de obra.
Tanto Costa, da Deagro, como o economista e sócio da MB Associados, José Roberto Mendonça de Barros, acreditam que o cenário de demanda contínua de crédito e a possibilidade de recuo dos volumes subsidiados pelo governo federal abrem espaço para bancos privados ampliarem sua participação no crédito rural.
“Alguns bancos que nos últimos anos vinham participando menos do financiamento do setor estão voltando a estruturar sua áreas voltadas ao agronegócio”, afirmou o gerente da Deagro.
Além deles, produtos do mercado de capitais, como os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) devem continuar crescendo em volume destinado ao setor.
Os financiamentos via cooperativas de crédito, umas das possibilidades de recursos para o setor apontadas por Rodrigues, da GVAGro, não dão sinais firmes até o momento de que serão ampliados. O Banco Cooperativo Sicredi, instituição financeira que reúne 95 cooperativas de crédito no país, prevê oferecer em 2016 o mesmo volume de recursos liberado em 2015, aproximadamente R$ 9 bilhões.
Todos os consultores ouvidos pelo Broadcast Agro têm observado maior interesse de investidores estrangeiros no Brasil, já que a valorização do dólar ante o real torna os ativos brasileiros mais baratos na moeda norte-americana.
“Recebo frequentemente investidores estrangeiros, bancos, fundos interessados em investir em logística, agroindústria, insumos e terras. O que restringe a decisão é a questão é ‘quando devo vir”, contou Rodrigues, da GVAgro. Apesar da dúvida e da insegurança quanto à economia nacional, Rodrigues notou “um interesse mais agudo” dos estrangeiros.
Política agrícola
Mesmo que os recursos subsidiados pelo setor público recuem em 2016, esta não parece ser uma tendência na visão de alguns especialistas. “Não acredito em uma tendência de redução gradual dos recursos públicos no financiamento do setor.
Na próxima safra até pode acontecer, por conta do ajuste fiscal. Mas essa queda não deve continuar em 2017 e 2018. Também não creio que os recursos venham a aumentar”, explicou Ferraz, da Informa Economics FNP.
Para Costa, da Deagro, a política agrícola do Brasil, baseada essencialmente em recursos provenientes de parcela dos depósitos à vista, oferecidos com taxas de juros equalizadas pelo governo, “se mostrou eficiente com tempo. “Pode ser aperfeiçoada, deve ter maior previsibilidade, mas não é ruim. É uma das menos intervencionistas do mundo”, explicou Costa.
A GVAgro trabalha, a pedido do governo federal, em um projeto de reforma das políticas de renda para o campo. A proposta, de acordo com Rodrigues, deve contemplar uma reforma da atual lei de crédito rural, com “ênfase no seguro rural acoplado ao crédito”, e também políticas de preços e de comercialização de produtos agrícolas. O projeto deve ser apresentado ao governo entre fevereiro e março de 2016.
BALANÇA COMERCIAL DE 2015 TEM MAIOR SUPERÁVIT DESDE 2011
Brasília (4 de janeiro) – O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) divulgou nesta segunda-feira os dados da balança comercial do ano de 2015. No ano passado, houve superávit de US$ 19,681 bilhões, o melhor resultado desde 2011, revertendo o déficit alcançado em 2014 de US$ 4,054 bilhões.
No ano, a média diária das exportações foi de US$ 764,5 milhões, 14,1% abaixo da média diária registrada no ano anterior (US$ 889,7 milhões). Já a média diária das importações foi de US$ 685,8 milhões, desempenho que foi 24,3% menor que o registrado em 2014 (US$ 905,7 milhões, em média, por dia útil).
Segundo o secretário de Comércio Exterior, Daniel Godinho, a queda dos preços dascommodities influenciou diretamente o resultado da balança comercial de 2015. “As exportações cresceram 10% em quantidade em 2015, mas a redução de 22% nos preços internacionais mitigou o ganho obtido com a alta das quantidades exportadas. Se a quantidade em 2015 fosse vendida pelo preço médio de 2014, teríamos receitas extras de cerca de US$ 37 bilhões”, afirmou. De acordo com o secretário, minério de ferro, produtos do complexo soja e petróleo foram os itens mais impactados pela queda dos preços internacionais.
Durante a coletiva de imprensa, Godinho destacou o crescimento das exportações de automóveis e a expectativa positiva em relação ao setor para o ano novo. “Tivemos um crescimento de 75,5% em unidades nas vendas para o México, de 5,8% para a Argentina e de 12,8% para o Uruguai. Com os acordos automotivos firmados com esses países e o câmbio como facilitador, acredito que teremos resultados positivos em 2016”.
Godinho ainda destacou que o atual cenário terá um impacto bastante positivo para as exportações de produtos manufaturados. “Em 2015 tivemos uma redução significativa no déficit da balança de manufaturados, que passou de US$ 109,5 bilhões em 2014 para US$ 71,9 bilhões em 2015. Como resultado, os industrializados responderam por quase 52% da pauta de exportações brasileira”, afirmou.
Para 2016, Godinho reafirmou que a expectativa é que o saldo comercial da balança alcance o patamar de US$ 35 bilhões. Para o ano, o principal desafio, segundo ele, é o andamento do acordo entre Mercosul e União Europeia. “Nossa expectativa é trocar ofertas e concluir o acordo de livre comércio com a União Europeia. A proposta do Mercosul está pronta. Aguardamos uma definição dos europeus”.
Resultado janeiro-dezembro 2015
As exportações das três categorias de produtos registraram retração em 2015 no comparativo com 2014: básicos (-19,5%), manufaturados (-8,2%) e semimanufaturados (-7,9%).
Com relação à exportação de produtos básicos, houve diminuição de receita de minério de ferro (-44,8%), petróleo em bruto (-27,1%), carne bovina (-18,5%), carne suína (-18,2%), farelo de soja (-15,9%), fumo em folhas (-11,6%), soja em grão (-8,8%), carne de frango (-8,5%), café em grão (-6,9%) e algodão em bruto (-3,7%). Por outro lado cresceram as vendas de milho em grão (28,9%) e minério de cobre (11,2%).
No grupo dos manufaturados, a retração é, principalmente, de óleos combustíveis (-61,8%), máquinas para terraplanagem (-30,1%), motores e geradores (-18,3%), bombas e compressores (-12,4%), açúcar refinado (-12,3%), motores para veículos e partes (-10,7%), autopeças (-9,9%), polímeros plásticos (-6,8%) e plataforma p/extração de petróleo (-0,8%). Por outro lado, cresceram as exportações de tubos flexíveis de ferro/aço (39,7%), laminados planos (24,5%), aviões (19%), veículos de carga (10,1%), óxidos e hidróxidos de alumínio (8,9%), automóveis de passageiros (6,6%) e papel e cartão (3,7%).
No grupo dos semimanufaturados, as maiores quedas ocorreram nas vendas de ferro fundido (-24,2%), couros e peles (-22,2%), açúcar em bruto (-19,8%), ferro-ligas (-16,7%), alumínio em bruto (-13,5%) e semimanufaturados de ferro/aço (-4,7%). Por outro lado, cresceram catodos de cobre (91,2%), madeira serrada (8,4%), ouro em forma semimanufaturada (7,0%), óleo de soja em bruto (6,9%) e celulose (6,9%).
Já nas importações, o acumulado entre janeiro e dezembro de 2015, quando comparado com mesmo período de 2014, registrou queda em combustíveis e lubrificantes (-44,3%), bens de capital (-20,2%), matérias-primas e intermediários (-20,2%) e bens de consumo (-19,6%).
Dezembro de 2015
O resultado da balança comercial em dezembro foi um superávit de US$ 6,240 bilhões, valor muito superior ao alcançado em dezembro de 2014, de US$ 298 milhões. No mês, a média diária das exportações foi de US$ 762,9 milhões, 4% abaixo da média diária de dezembro de 2014 (US$ 764,5 milhões), e 10,5% acima do registrado em novembro de 2015 (US$ 690,3 milhões). Já a média diária das importações no mês (US$ 479,2 milhões), teve queda de 38,7% no comparativo com dezembro de 2014 (US$ 781,5 milhões) e de 24% sobre novembro de 2015 (US$ 630,5 milhões).
No mês, as exportações de produtos básicos somaram US$ 6,470 bilhões, as de manufaturados US$ 7,488 bilhões e as de semimanufaturados US$ 2,469 bilhões. Na comparação com dezembro do ano passado, houve queda nas exportações de produtos básicos (-15,3%) e semimanufaturados (-1,8%), enquanto cresceram as vendas de manufaturados (8,7%).
Entre os básicos, os produtos que mais influenciaram a queda das exportações foram petróleo em bruto (-39,4%), minério de ferro (-36%), café em grão (-27,8%), carne suína (-22,2%), fumo em folhas (-16,8%), carne bovina (-15,4%), carne de frango (-6,9%), minério de cobre (-5,9%) e farelo de soja (-5,3%). Por outro lado, cresceram as vendas de soja em grão (282,9%), milho em grão (67%) e algodão em bruto (24,5%).
Já as exportações de semimanufaturados foram influenciadas principalmente por ferro fundido (-59,3%), alumínio em bruto (-31,1%), ferro-ligas (-23,2%), couros e peles (-23,1%) e açúcar em bruto (-2,5%). Por outro lado, cresceram as vendas de óleo de soja em bruto (108,9%), catodos de cobre (51,3%), ouro em forma semimanufaturada (26%), celulose (15,1%) e semimanufaturados de ferro/aço (14,1%).
No grupo dos manufaturados, quando comparado com dezembro de 2014, cresceram as vendas de plataforma para extração de petróleo, tubos flexíveis de ferro/aço (179,4%), bombas e compressores (76,2%), automóveis de passageiros (72%), etanol (66,1%), motores e geradores (31,3%), aviões (24,3%), açúcar refinado (17,2%), veículos de carga (11,1%), papel e cartão (7,3%) e calçados (0,3%).
Pelo lado das importações, decresceram as compras de combustíveis e lubrificantes (-61,9%), bens de consumo (-40,0%), matérias-primas e intermediários (-31,6%) e bens de capital (-29,3%).
No grupo dos combustíveis e lubrificantes, a retração ocorreu principalmente pela diminuição dos preços de petróleo, carvão, gás natural, óleos combustíveis, gasolina e nafta.
No segmento bens de consumo, as principais quedas foram observadas nas importações de automóveis de passageiros e partes, máquinas e aparelhos de uso doméstico, móveis, partes e peças para bens de consumo duráveis, objetos de adorno, vestuário, produtos alimentícios, farmacêuticos, produtos de toucador e bebidas e tabacos.
No segmento de matérias-primas e intermediários, decresceram as aquisições de produtos minerais, partes e peças de produtos intermediários, produtos agropecuários não alimentícios, produtos químicos/farmacêuticos, acessórios de equipamento de transporte, produtos alimentícios e matérias-primas para agricultura.
Com relação a bens de capital, decresceram os seguintes itens: maquinaria industrial, partes e peças para bens de capital para indústria, acessórios de maquinaria industrial e máquinas e aparelhos de escritório e serviço científico.
Governo autoriza construção de terminal portuário no MA
São Paulo - O governo federal vai autorizar a construção e exploração de um novo Terminal de Uso Privado (TUP) em São Luís, no Maranhão, a ser operado pela WPR São Luís Gestão de Portos e Terminais, do grupo WTorres, em um investimento de cerca de 780 milhões de reais.
A autorização será dada pelo ministro Helder Barbalho, da Secretaria de Portos da Presidência da República, em solenidade na tarde desta quarta-feira, segundo nota da Secretaria dos Portos.
O Maranhão é um dos novos canais de escoamento de produtos agrícolas ao norte do país, colaborando para reduzir os gargalos logísticos da exportação, especialmente de soja.
Já operam na região o Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram), que começou suas atividades no local em março do ano passado, e a VLI, empresa de logística que tem a Vale como principal acionista.
- Arquivo de Notícias
- 2022
- 2021
- 2020
- 2019
- 2018
- 2017
- 2016
- 2015
- 2014
- 2013
- 2012
- 2011